História do Preto Velho Vô Dito.

12 de Maio de 2019 por: Emerson Cal

Escuta fio na época que eu fui escravo cheguei novo eu vim da minha terra onde tinha sido treinado para ser líder de caça, tinha os zoios bom e os ouvido melhor ainda, mas quando invadiram minha aldeia eu não fugi para tentar defender meu povo, eu cai e acordei uns tempos depois já nos ferro pra ir pro barco que levo nois pra cá, aí me colocaram num comboi e fui vendido no primeiro leilão na cidade quem me compro levou eu e mais 2 nego forte que pra mó de trabaía na plantação, uns tempo depois um desses que tinha chegado com eu, fugiu virou caipora aí o sinhozinho coloco em nóis um tronco de pescoço. Botava no pescoço, botava uma cruz de madeira e tinha um gancho do lado e do outro que parecia uma cruz, que aquilo se a pessoa dentrasse na mata agarrava nos gaio, então não tinha como a pessoa andar no mato, só na estrada.

Esse fazendeiro que era nosso dono era ruim mais pensa em uma pessoa ruim, ele mandava castiga nóis só pra ter o que fazer desvez em quando, um dia ele compro uma espingarda nova e mando coloca um mulecote que não trabaiava e só fazia ruindade pra ele, mando coloca em cima de um furmiguero e pra testar a arma de fogo ficou atirando até mata o molecote, passaram os tempos e fui aprendendo a fala a língua dos branco e o veio fazendeiro fez vender nois pra mo de paga uma dívida com seu Zacarios aí aprendi que existia também senhor de escravo que era bom, como o sinhozinho, Zacarios marido de Dona Geralda, fazendeiro rico, endinheirado, muito bem de vida.

Trabalhei bastante com esse senhor e um dia aprendi que nois é tudo igual quando o Sinhozinho chamo um pessoalzinho, o promotor, o delegado assim, as autoridades, foram almoçar na fazenda do Sinhozinho que tinha prestigio porque tinha dinheiro, por causo de que eles não gostava do jeito que ele tratava os escravo que dava mau exemplo e os escravo da nossa fazenda era tudo desaforado.

Quando os dotor chagaram a mesa tava posta, mas não arrumada e sem a comida, e o sinhozinho dizia: “meus fios estão demorando!” e eles pensaram, as autoridades que “meus fios” eram os fio mesmo dele. Então lá de longe, começaram ouvir os pretos cantando que vinham do plantio. Aí ele falou: “Isso! Então pode por a janta na mesa que meus fios estão voltando”. Os fios dele eram nois escravos. Ele tinha como fios nois escravos, porque os escravos ajudavam a vida dele. Ajudavam ganhar o dinheiro, ajudavam em tudo, então ele tinha nois como fio. É aonde eu digo que eles eram bons e eram ruins, tinha gente boa e tinha gente ruim no meio, sabe?

Lá naquela fazenda tinha uma capela que o sinhozinho construiu com nossa ajuda pra mo de que Dona Geralda gostava dimais de reza, ela que me ensinou a reza dos branco as palavra da lei de Deus que eu na minha terra chamava de Zambi Ampongo e como eu tinha muita influencia com os negros que ali comigo trabaiavam o sinhozinho deixava nois faze as oferenda e bate os tambor pros nosso Inkissis mas como no cativeiro tinha nego de muito lugar diferente a gente teve que separa os dias e todo mundo aprendeu que os nossos Inkissis eram muito parecidos com voduns e orixás de outros e tudo foi se misturando com o tempo a gente começo a ajuda nosso povo que fugia de outras fazenda e virava caipora, e nois com as oferenda que colocava no mato pra mo deles te o que come e bebe.

Chania